A exemplo do que acontecera em 1917, ano da primeira greve geral da história brasileira, a Lapa viveu em 1932 outro importante momento no que tange às lutas operárias por melhorias nas condições do trabalho.
Autor do estudo “A memória ferroviária: luta e identidade operárias”, Marco Henrique Zambello, que resume sua tese de mestrado na Faculdade de Ciências, letras e Filosofia da USP, traça o cenário da greve dos ferroviários da São Paulo Railway, que atingiu em cheio as oficinas da empresa na Lapa.
“As greves ferroviárias ocorridas na década de 1930 trazem a marca
de um período de grandes transformações políticas no Estado de São
Paulo e da agitação operária em torno das possibilidades das organizações
dos sindicatos dos trabalhadores.
No início de 1932 ocorreu uma série de greves operárias dirigidas por organizações autônomas de trabalhadores.Mas foram os ferroviários da São Paulo Railway, mobilizados por um comando de greve ligado à União dos Operários Ferroviários da S.P.R., que desencadearam, no dia 2 de fevereiro, o movimento.
A paralisação começou nas oficinas da Lapa e da Estação da Luz, expandindo-se em
seguida para a Oficina Central e para o interior. A principal queixa da
categoria direcionava-se às comissões técnicas envolvidas na Reforma das
Caixas de Aposentadorias, suspeitas de usarem indevidamente as contribuições,
de negarem a resolução do problema a partir das reivindicações
da base e, sobretudo, porque os salários de todos os trabalhadores ainda
estavam sofrendo descontos acima da média de anos anteriores, que era
de 3% ao mês.
Após doze dias, a greve foi encerrada com a promessa do
Ministério do Trabalho de rever o desconto da contribuição. Contudo,
entre os ferroviários houve perseguições da São Paulo Railway, que demitiu
as principais lideranças. Ainda que o Estado, nesse período, reconhecesse
como legítimas as reivindicações dos trabalhadores, elas ganham
significação, entretanto, a partir da perspectiva e dos interesses da classe
dominante”.
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