domingo, 26 de dezembro de 2010

Memórias - Família e amizade na Vila Hamburguesa de outrora

Saudades do passado? Sim, mas nada de refutar as mudanças do presente, que trouxeram consigo conforto e também problemas. Com essa premissa concordam em gênero, número e grau quatro antigos moradores da Vila Hambuguesa (Lapa) ao relembrem a rua Schilling de antigamente.Segundo eles, o movimentado centro comercial de hoje era, na verdade, uma pacata via pública com ares totalmente interioranos



Já na memória de Alcides Gregório, 71 anos, surge uma rua, que era palco de competição outrora popular: corridas de cavalo. "A disputa ocorria num pequeno trecho da Schilling. Era divertido acompanhar essas provas", lembra Gregório, acompanhado de seu irmão Rodolfo, o Fafito, três anos mais velho, ambos nascidos numa casa na própria Schilling. "E esse meu velho amigo Fafito foi um dos 'jockeys' dessa nossa pista de terra", conta Helio Minhghin, 81 anos.

Em comum, ao quatro hamburgueses - para desaprovação de suas namoradas e depois esposas -, tinham uma paixão: o Bela Aliança, um dos clube de futebol do bairro. "Jogávamos bola num campo aqui na Schilling, bem próximo à rua Carlos Weber", afirma Alcides, logo interrompido por seu irmão: "O Bela Aliança foi campeão na Liga Amadora, em 1954".

Hélio Minghin conta que a rua já foi conhecida por outros nomes, que hoje poucos sabem. "Primeiro ela se chamou Kirschner e depois Trapandé", revela esse hamburguês, que chegou ao bairro nos anos 1950, vindo da rua Faustolo, também na Lapa.

Alcides Gregório puxa na memória um outro aspecto bastante singular: a romaria em direção a Pirapora. "O cortejo nos anos 40 e 50 passava pela Schilling. Era muita gente montada a cavalo ou conduzindo charretes. Vários seguiam a pé, para pagar promessas. Tenho saudades desse tempo. Aqui tudo cheirava a interior. Mas não falo mal do progresso. Ele, afinal, nos trouxe maior conforto. Lamento apenas que passamos a viver mais isolados e não nós sentimos mais seguros", diz Gregório sem esconder uma certa emoção ao recordar o seu passado no bairro.

Na memória e no coração de Hélio Minghin bate um sentimento nostálgico, recordando algo impensável atualmente."Fazer amigos naquele tempo era bem fácil do que hoje. O contato com as pessoas nas ruas era intenso. Os vizinhos conversavam colocando cadeiras e banquinhos na frente de suas casas. Tudo era família, tudo era amizade".

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