No final da década de 1950, a nossa Vila Romana era um bairro de classe média baixa com algumas possibilidades de ascensão social, mas ainda com uma forte influência dos imigrantes italianos e de seus descendentes que por aqui se fixaram. Os grandes quarteirões de dez mil metros quadrados haviam sido ocupados por muitas indústrias e fábricas, como exemplo a Cia Melhoramentos de São Paulo de papéis, ou estavam sendo cortados por novas ruas cujos segmentos muitas vezes não respeitavam a sua concepção original de forma a permitir que as moradias tivessem acesso à via pública.
As casas, invariavelmente, eram todas parecidas. Sempre tinham um quintal com árvores frutíferas e, por menor que fosse a moradia, era comum que mais de uma família morasse em cada uma delas. Atualmente, a Vila Romana tem apresentado uma vertiginosa transição das pequenas casas e sobrados de classe média, transformando-se em oficinas de pequenas confecções; pouquíssimas fábricas ainda hoje em funcionamento e outras abandonadas para dar lugar a edifícios de médio e alto padrão, como acontece em quase todos os bairros de São Paulo, atendendo ao fruto da desenfreada exploração imobiliária.
Ela está muito próxima do Sesc Pompéia, portador de teatros, quadras esportivas, piscina coberta; do Palestra Itália, atual Sociedade Esportiva Palmeiras; dentre outras áreas de lazer, como o recém reformado e reinaugurado teatro Cacilda Becker na Rua Tito; do Bourbon Shopping Center Pompéia, onde se concentram importantes lojas e com onze salas de cinema, restaurantes e o teatro Bradesco. A nossa Vila Romana é um bairro localizado na zona oeste da cidade de São Paulo e faz parte integrante da Lapa. Mas, voltemos ao passado, e vamos palmilhar suas ruas e relembrar as vilas da Roma antiga que eram semelhantes às moradias da Vila Romana paulistana cujas edificações formavam o centro de uma propriedade agrícola.
A nossa Vila Romana paulistana é, portanto, originalmente semelhante à velha Roma italiana. Seu loteamento, planejado no século XIX, contendo chácaras com aproximadamente dez mil metros quadrados, talvez em virtude da semelhança com a Roma antiga. É que seus primeiros moradores, de descendência italiana, escolheram os nomes de batismo de seus imperadores, juristas, deuses romanos, sempre com o pré-nome, como: Claudio, Vespasiano, Tito, Marco Aurélio, Espártaco, Crasso, Catão, Camilo, Mario, Aurélia, Duílio, Fábia, Marcelina, Coriolano, Scipião, Faustolo, Cornélia, Caio Gracco entre outros. E quem eram essas figuras no antigo império romano?
Vejamos os nomes através da história:
Rua Claudio: o nome imperial era Tiberivs Clavdivs Caesar, expulsou os judeus de Roma. Deixou-se dominar pelos libertos Palas, Narciso e Polibios e por Messalina, sua esposa. Depois, mandou matar Messalina e desposou Agripina, sua sobrinha. Foi envenenado por Locusta, a mando de Agripina.
Rua Vespasiano: de nome imperial Vespasianvs Caesar Avgvstvs, era trabalhador, econômico e enérgico. Lutou contra os judeus durante a Primeira Guerra Judaico-Romana, onde foi proclamado imperador pelas tropas. Iniciou a construção do Coliseu de Roma.
Rua Tito: Flavio ou Titvs Flavivs Vespasianvs, filho de Vespasiano, Tito inaugurou o Coliseu de Roma. Capturou Jerusalém antes de ser imperador, pondo fim à Primeira Guerra Judaico-Romana. Durante o seu reinado, as cidades de Herculano, Pompéia e Establa foram destruídas pela erupção do Vesúvio. Pelo seu bom governo recebeu o título de "delícias do gênero humano”.
Rua Marco Aurélio: Marcvs Annivs Vervs Avrelivs Caesar Avgvsti, filósofo estóico autor de “Pensamentos”, considerado o melhor imperador desde Augusto. Durante seu reinado, os germanos forçavam as fronteiras do império. Perseguiu os cristãos. Morreu em Viena em Março de 169.
Rua Espártaco: em latim Spartacus. Foi gladiador de origem trácia, líder da mais celebre revolta de escravos na Roma Antiga, conhecida como Terceira Guerra Servil, ou Guerra dos Gladiadores. Espártaco liderou, durante a revolta, um exército rebelde que contou com quase 100 mil ex-escravos.
Rua Crasso: Marco Licínio Crasso, em latim Marcus Licinius Crassus, foi um patrício, general e político romano do fim da antiga República Romana, mais conhecido como Crasso, o Triunviro. Comandou a vitória decisiva de Lucio Cornélio Sula e esmagou a revolta dos escravos liderada por Espártaco.
Rua Catão: Marco Pórcio Catão, em latim Marcus Porcius Cato, também conhecido como Catão, o Velho ou o Censor, foi um político romano e pro-cônsul de Roma em 195 a.C. e censor em 184 a.C..
Rua Camilo: atribuiu-se a Marco Fúrio Camilo a reforma na Constituição do Exército Romano.
Rua Mario: Caio Mario introduziu uma reforma revolucionária no exército romano quando, em vez de fazer um recrutamento na ordem das classes censitárias, aceitou simplesmente o ingresso na linha de frente do exército de todos os cidadãos disponíveis.
Rua Duilio: foi um general que comandou o exército romano na Primeira Guerra Púnica.
Rua Fábia: Terência, esposa de Cicero, tinha uma meia irmã, ou talvez prima, chamada Fábia que, em criança, tinha se tornado uma virgem vestal, o que era uma grande honra. As vestais, em latim virgo vestalis, na Roma antiga, eram designadas como sacerdotisas que cultuavam a deusa romana Vesta. As virgens vestais eram obrigadas a preservar sua virgindade e castidade.
Rua Marcelina: Marcelina provavelmente nasceu em Roma, em 327, membro da ilustre família dos Ambrosinos sobre o domínio do Império de Constantino Magno.
Rua Coriolano: Caio Márcio, cujo apelido era Coriolano, um general romano que tomou a cidade de Corioli dos volscos, e se tornou a figura política mais odiada entre o povo romano. Os nobres, temerosos que grassasse a fome e atiçasse ainda mais o rancor entre as classes dominantes, não acatou as terríveis sugestões de Coriolano.
Rua Scipião: Públio Cornélio Cipião Africano, o nome em latim é Publius Corne lius Scipio Africanus, foi um general romano durante a Segunda Guerra Púnica e um grande estadista da República Romana.
Rua Faustolo: Faustolo era um pastor empregado de Amúlio, e que achou a cesta com as duas crianças Rômulo e Remo e entregou para Aca Laurência, sua esposa, que foi ama de Rômulo.
Pça. Cornélia: Cornélia Cinila, em latim Cornélia Cinnila, era filha do cônsul romano Lucio Cornélio Cina. Ela foi casada com Júlio Cesar.
Rua Caio Graco: Caio Semprónio Graco, em latim Gaius Sempronius Gracchus, foi um político romano do século II (154-121 a.C).
Eis aí, alguns membros históricos da Roma Antiga que emprestam seus nomes à nossa Vila Romana paulistana, um agradável e simpático bairro paulistano da zona oeste de São Paulo situado entre as divisas de Vila Pompéia e Lapa.
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