quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Origens: A pesquisa que datou a fundação do bairro

No dia 12 de outubro, feriado de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, os lapeanos também comemoram o aniversário do bairro. E graças ao trabalho do historiador José Carlos de Barros Lima os eles  sabem, com segurança a idade deste território que escolheram para viver. É que desde 1991, Barros Lima vem pesquisando a história da Lapa.
Naquele ano, o professor ocupava o cargo de superintendente da Associação Comercial de São Paulo Distrital  Lapa e  ficou encarregado de fazer o discurso para as comemorações do 246º aniversário do bairro . “Durante as pesquisas para escrever o discurso, suspeitei que aquela data poderia estar errada e que a Lapa deveria ser bem mais antiga do que se acreditava”, lembra o historiador.

Em 1994, após três anos consultando os documentos do Arquivo Histórico Municipal ele faria uma descoberta surpreendente, que acabou mudando a data da fundação da Lapa. “Por volta de 1590, corriam boatos de que os índios da região planejavam um ataque à Vila de São Paulo, formada por 140 moradias em torno do Pátio do Colégio. Os dois grandes rios de São Paulo, Pinheiros e Tietê, e as serras que cercam a cidade, eram defesas naturais”, explica Barros Lima. “A única fronteira vulnerável ficava na região hoje ocupada pela Lapa próximo ao local onde o Pinheiros (na época chamado Jeribatiba), encontra o Tietê – então conhecido como Anhembi.. Havia um ponto onde este poderia ser ultrapassado sem grandes dificuldades, por sobre as pedras ali existentes, chamado pelos índios de “Emboaçava”, que em Tupi-Guarani se chama “lugar por onde se passa"

 Perto dali, o bandeirante Afonso Sardinha possuía uma sesmaria e garimpava ouro no Pico do Jaraguá. A partir de uma decisão da Câmara de São Paulo e com o apoio do Padre Anchieta, Sardinha construiu ali, em 1591, uma fortaleza, denominada “Tranqueira do Emboaçava”, com o objetivo de proteger a cidade. No entorno desta edificação apareceram agregados, surgindo então a Vila do Forte, povoado que antecedeu a Lapa”.


Durante 150 anos, a região ficou conhecida como Emboaçava. Em 1740, o padre Ângelo de Siqueira Ribeiro do Prado doou à Companhia de Jesus a fazenda que possuía no local e onde havia uma capela com uma imagem de Nossa Senhora da Lapa. “A única condição era que, uma vez por ano, os jesuítas fossem até lá rezar uma missa para a santa. O local passou a ser conhecido como Fazendinha Jesuítica da Lapa e, logo, simplesmente como Lapa”, explica José Carlos de Barros Lima.

Alguns anos depois, os jesuítas trocaram a Lapa pela área onde hoje está o município de Cubatão, que era de propriedade do Coronel Diogo Pinto do Rego, levando para lá a imagem da santa, que hoje é a padroeira da cidade. Anos mais tarde, a Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro I, também foi proprietária da Lapa. A forma atual do bairro , segundo Barros Lima, começou a se desenhar no final do século XIX, com os loteamentos que deram origem ao Grão Burgo da Lapa – que abrange a região onde hoje está a Lapa Baixo – e à Vila Romana. O loteamento realizado pela Companhia City no início do século XX deu origem ao Alto da Lapa.

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